terça-feira, 29 de novembro de 2011

ABORDAGEM CLÍNICA DE PROBLEMAS NA COLUNA VERTEBRAL E MEDULA ESPINHAL.

Ronaldo Casimiro da Costa, MV, MSc, PhD.
Diplomado ACVIM (American College of Veterinary Internal Medicine) - Neurologia. 
Universidade Federal do Paraná - Campus Palotina, Palotina, PR. 

Resumo da palestra apresentada no VI Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, 20-22 de Setembro de 2006, São Paulo, SP.


Os problemas na coluna vertebral e medula espinhal de cães são a apresentação mais comum em neurologia. Existem diversos aspectos importantes que devem ser levados em consideração para que se obtenha sucesso no diagnóstico e tratamento desses pacientes. Alguns destes pontos serão apresentados a seguir. 

A resenha e a anamnese devem ser analisadas cuidadosamente. Embora a doença do disco intervertebral (DDIV) apresente alta incidência em cães, é muito incomum a ocorrência de DDIV em cães com menos de 2 anos de idade. Na maioria dos casos, o trauma agudo da medula espinhal deve causar sinais agudos e não progressivos, sendo incompatível com a apresentação crônica e progressiva. Em princípio, apresentações agudas não progressivas dos distúrbios da medula espinhal são observadas apenas em processos traumáticos ou vasculares. 

A avaliação da postura e da locomoção é o principal teste para os pacientes com problemas locomotores. A locomoção deve ser avaliada em uma área ampla, não escorregadia, de preferência fora do consultório. O tronco, os membros torácicos e pélvicos devem ser avaliados por todas as direções. Quando se avalia a locomoção, deve-se responder a três perguntas: 

1) A locomoção é normal ou anormal? 
2) Se for anormal, qual(is) membro(s) está(ão) afetado(s)? 
3) Qual o tipo de anormalidade presente? Ataxia? Paresia? Claudicação? 

Desses, a identificação de ataxia é a mais importante. Há 3 tipos de ataxia: vestibular (geralmente associada com inclinação da cabeça), cerebelar (caracterizada por hipermetria e tremores intencionais, dentre outros sinais) e proprioceptiva, que é a comumente observada em distúrbios da medula espinhal. 

Como regra geral, doenças da medula espinhal, afetando a substância branca, são caracterizadas por ataxia proprioceptiva. Ataxia é um conceito extremamente importante para a identificação de problemas neurológicos e localização de lesões. Se o paciente não tiver ataxia, o problema pode estar afetando uma região da coluna vertebral onde a medula espinhal não está presente (ex: região lombossacra), ou qualquer outro do neurônio motor inferior (substância cinzenta medular, nervo espinhal ou periférico, junção neuromuscular ou músculo). 

As reações posturais são testes fundamentais na avaliação de paciente com problemas neurológicos. Embora a literatura descreva vários testes, na prática somente dois são necessários: posicionamento proprioceptivo (propriocepção) e salto ou saltitar. A propriocepção é o teste mais importante. A reação de saltitar serve principalmente para detectar lesões assimétricas não observadas à locomoção ou à propriocepção. Deve-se fazer o cão saltar apenas lateralmente.

Para a avaliação da propriocepção, o peso do paciente deve ser completamente suportado e o teste realizado nos membros pélvicos e torácicos, atentando-se para dobrar cuidadosamente as extremidades dos membros. O paciente deve reposicionar o membro imediatamente. Em geral, se o posicionamento proprioceptivo estiver retardado, pode indicar um problema neurológico, mas não localiza o problema, visto que lesões em qualquer parte da via ascendente ou descendente podem retardar a resposta proprioceptiva (nervo periférico e espinhal, medula espinhal, tronco encefálico, córtex ou tálamo cerebral). 

Deve-se atentar à 2 pontos fundamentais: 

1) Cães com problemas ortopédicos crônicos podem apresentar retardo no reposicionamento proprioceptivo sem evidência de lesões de neurológicas. 

2) Pacientes com mielopatia crônica podem ter propriocepção intacta. 

A propriocepção não diferencia problemas neurológicos de ortopédicos, quem diferencia é o exame da locomoção. A identificação de mielopatia deve ser feita pela presença de ataxia. A propriocepção pode estar normal ou diminuída em pacientes com mielopatias crônicas. 

Os reflexos segmentares ajudam a definir a localização da lesão. Reflexos normais ou aumentados indicam que a lesão está localizada cranial à região de origem dos nervos testados. O autor avalia rotineiramente os seguintes reflexos: reflexo patelar e flexor dos membros pélvicos, reflexo flexor nos membros torácicos, reflexo perineal e reflexo cutâneo do tronco. Não há necessidade de se testar os outros reflexos no membro torácico se o paciente for capaz de sustentar o próprio peso. O tônus muscular dos músculos extensores também é um reflexo e deve ser avaliado. 

Quando se avalia os reflexos, principalmente o patelar, o importante é saber se o reflexo está presente, diminuído ou ausente. Se o reflexo estiver presente não faz muita diferença se está normal ou aumentado, pois ambos achados são sinais de neurônio motor superior. Para o reflexo flexor, o objetivo é não causar dor, mas apenas um estímulo suficiente para que se avalie o arco reflexo e a força de contração do membro. 

Após o exame dos reflexos realiza-se a palpação da musculatura epaxial para tentar identificar locais de dor espinhal. Isso ajuda na localização precisa da lesão para realização de estudos radiográficos simples ou avançados e é de extrema importância no diagnóstico diferencial. 

A nocicepção realizada através do pinçamento dos dígitos dos membros deve ser avaliada somente se o paciente estiver completamente paralisado. Pacientes com paraparesia (função motora parcialmente presente) devem ter nocicepção intacta. 

Mesmo que o paciente apresente-se com queixa de problema locomotor, os outros componentes do exame neurológico não devem ser negligenciados. A análise do estado mental pode indicar um envolvimento multifocal e a avaliação dos nervos cranianos pode revelar déficits que podem sugerir tanto uma lesão central (tronco encefálico) ou periférica (polineuropatia). 

A base da neurologia clínica é a correta localização de lesões. Se a lesão não for localizada corretamente, pouco importa o clínico ter a disposição recursos diagnósticos sofisticados, pois não saberá qual região deverá ser examinada. Se o exame neurológico não for realizado de forma ideal, déficits neurológicos importantes podem ser equivocadamente ignorados. Da mesma forma, outros achados podem ser considerados anormais, enquanto na verdade não os são. 

LEITURA COMPLEMENTAR: 

Parent JM. The canine and feline neurological examination CD-ROM, 2001. www.neuroexamination.com 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ANESTESIA INTRAPERITONEAL COM TIOPENTAL EM GATOS.

PESSOAL, GOSTARIA DE ANUNCIAR QUE QUEM SE INTERESSOU PELO ASSUNTO AUTO-HEMOTERAPIA, POSTADO EM 05/10/11, A SEÇÃO COMENTÁRIOS FOI BEM EXPLORADA. SAUDAÇÕES!



A castração precoce de cães e gatos vem sendo preconizada para diminuir a superpopulação, evitando a eutanásia e o abandono de animais (Faggella e Aronsohn, 1993). Para castração destes animais os procedimentos mais recomendados são a ovariosalpingohisterectomia (OSH) e orquiectomia, as quais são as cirurgias mais realizadas na prática clínica veterinária (Howe, 2006).

Devido à segurança, o protocolo anestésico mais recomendado para gatos submetidos à castração
cirúrgica é a indução com anestesia geral injetável e manutenção com anestésicos inalatórios Massone, 2008b; Bittencourt et al., 2008). No entanto, essa técnica requer intubação traqueal, aparelhagem adequada e treinamento dos profissionais. Por isso, a utilização desta técnica em campanhas de castração não é muito viável. Além disso, em gatos a intubação traqueal pode ser dificultada devido ao menor diâmetro da traquéia e também, freqüentemente, pela presença do reflexo laringotraqueal (Massone e Cortopassi, 2010). 

A anestesia intravenosa produz efeitos cardiovasculares discretos (Keegan e Greene, 1993), e ainda evita a contaminação ambiente por gases anestésicos (Beths et al., 2001). No entanto, a anestesia geral injetável requer a canulação de uma veia periférica, procedimento que pode ser perigoso em felinos agressivos, colocando em risco a mão do manipulador (Massone, 2008b). Além disso, em pacientes muito pequenos, pode ser difícil canular uma veia devido ao pequeno calibre dos vasos periféricos.

O tiopental é um barbitúrico hipnótico que produz anestesia geral de ultracurta duração (Massone,
2008a). Pode ser utilizado em felinos como agente único ou como agente indutor (Thurmon et al., 1996a; Bednarski, 2002). Permite a obtenção de bons planos anestésicos que variam de acordo com a dose aplicada (Massone, 2008a). A dose para pequenos animais é de 25 mg/kg, por via intravenosa, quando não se utiliza tranqüilizante previamente (Bednarski, 1996; Massone, 2008a). Quando se utiliza tranqüilizante na pré-anestesia, a dose pode ser reduzida para 6-12 mg/kg (Bednarski, 2002).

O tiopental deprime o sistema cardiovascular (Thurmon et al., 1996a; Massone, 2008a) e a respiração. Causa queda da pressão e queda da temperatura, devido à depressão do metabolismo basal (Thurmon et al., 1996a). Em gatos agressivos os barbitúricos podem ser administrados por vias alternativas, tais como a intraperitoneal (Massone, 2008b).

O objetivo deste estudo foi avaliar a utilização de tiopental intraperitoneal como protocolo anestésico para realização de OSH e orquiectomia em gatos jovens, principalmente para utilização em mutirões de castração.

Material e métodos

Foram utilizados 20 gatos, com idade mínima de três meses e máxima de seis meses, clinicamente
saudáveis, oriundos da clientela de um Hospital Veterinário Universitário (HVU).

Todos os felinos foram pesados, examinados clinicamente e submetidos a jejum sólido de 12 horas e hídrico de 6 horas. No pré-operatório, em todos os animais foram aferidos temperatura (T) através de introdução de um termômetro clínico no reto, freqüência respiratória (f) por contagem dos movimentos costais e frequência cardíaca (FC) através de auscultação. Foram incluídos no experimento apenas animais clinicamente saudáveis.

Todos os parâmetros (T, f, FC) foram aferidos também após administração da medicação pré-anestésica, após administração do anestésico e de 10 em 10 minutos até o término do período hábil
anestésico.

Todos os animais foram premedicados com flunixin-meglumine na dose de 0,5 mg/kg e penicilina
benzatina na dose de 40.000UI/kg por via intramuscular (IM) Foi administrada acepromazina na dose de 0,2 mg/kg e tramadol na dose de 2 mg/kg associados na mesma seringa IM. A anestesia foi realizada por injeção intraperitoneal de tiopental a 2,5% na dose de 30 mg/kg. O fármaco foi injetado no quadrante inferior esquerdo do abdômen (Thurmon et al., 1996b), aproximadamente um cm caudal e um cm lateral à cicatriz umbilical (Figura 1) e foi registrado o período de latência.




Foram avaliados relaxamento dos pedículos ovarianos, coto uterino e cordão espermático, os quais foram classificados em ótimo, bom e regular (Mastrocinque et al., 2006). Foi registrado o período hábil anestésico, o qual foi considerado desde a perda do reflexo interdigital (estimulado por pinça hemostática), até o retorno do mesmo (Massone, 2008b). Foram consideradas complicações anestésicas alterações de freqüência cardíaca e/ou respiratória em torno de 20% do valor basal, arritmias cardíacas e queda da temperatura em torno de 20% do valor basal (Mastrocinque et al., 2006).

Resultados e discussão

Em todas as etapas do estudo não ocorreram óbitos. Na pré-medicação todos os animais ficaram tranqüilizados, permitindo manipulação sem estresse.

A técnica de administração por via intraperitoneal foi fácil e rápida. Após a introdução do anestésico, os animais levaram, em média 12 minutos para entrar em plano anestésico com perda do reflexo interdigital.


Os resultados obtidos a partir da avaliação dos parâmetros clínicos (T, f, FC) obtidos no pré-operatório, após administração da medicação pré-anestésica, após administração do anestésico e ao longo do período hábil anestésico (de 10 em 10 minutos) estão apresentados nas Figuras 2, 3 e 4 e demonstram queda acentuada após o estabelecimento da anestesia. Devido à redução da temperatura todos os felinos foram mantidos em colchão térmico no período pós-cirúrgico durante aproximadamente 2 horas.





O período hábil anestésico (considerado desde a perda do reflexo interdigital até a recuperação do
mesmo) variou de 50 minutos até 143 minutos, com uma média de 90 minutos. O relaxamento dos
pedículos ovarianos, cotos uterinos e cordão espermático foi considerado ótimo em 15 animais (75%) (n=20) bom em dois gatos (10%) e regular em três animais (15%). Durante o retorno anestésico cinco felinos (25%) apresentaram movimentos de pedalar. Não houve registro de vocalização e não foram observados quaisquer outros efeitos adversos em todas as fases da anestesia.

A dose de tiopental utilizada no presente estudo pode ser considerada alta em comparação com a dose recomendada por via intravenosa quando se utiliza tranqüilizante na pré-anestesia (6-12 mg/kg) (Bednarski, 2002), como foi feito neste estudo. No entanto, a via é diferente e não foram observados efeitos adversos devido à dose utilizada. Os efeitos observados como movimentos de pedalagem estão também presentes quando se administra tiopental por via intravenosa (Bednarski, 2002) e com o uso da quetamina em gatos (Mastrocinque et al., 2006). 

Um fator que poderia limitar o uso do tiopental IP é a ocorrência de irritação local devida ao ph alcalino do fármaco. No entanto, em estudo com ratos, o processo inflamatório produzido pela injeção IP de tiopental foi semelhante ao processo inflamatório produzido pela injeção IP de solução fisiológica, sendo considerada uma reação comum quando se administra fármacos por via IP. Além disso, o processo inflamatório foi transitório (Carregaro et al., 2005).

Como se observou em outro protocolo anestésico no qual se utilizou anestésicos gerais injetáveis para realização de gonadectomia em gatos impúberes (Mastrocinque et al., 2006), o relaxamento dos pedículos ovarianos, coto uterino e cordões espermáticos foram considerados satisfatórios e permitiram que as cirurgias fossem realizadas com analgesia adequada.

Saliente-se que a utilização de acepromazina (Bednarski, 2002) e opiáceos (Bednarski, 2002;
Mastrocinque et al., 2006) como o tramadol utilizados neste estudo, melhoram a analgesia e, consequentemente, a qualidade da técnica anestésica (Mastrocinque et al., 2006).

O período hábil anestésico permitiu a realização das cirurgias sem necessidade de mudança de protocolo ou complementação de anestésico como ocorreu em outro protocolo para anestesiar felinos jovens submetidos à castração (Mastrocinque et al., 2006).

Conclusão

O protocolo anestésico proposto é adequado para anestesiar felinos jovens, podendo ser usado em
mutirões de castração pela facilidade de administração e segurança.



Na minha opinião o trabalho científico é muito interessante com muitas vantagens, porém, o que achei negativo foi ter que manter TODOS os felinos aquecidos em colchão térmico por 2 horas no pós cirúrgico. Acho que numa campanha de esterilização com mais de 20 felinos, iria complicar o ritmo de trabalho. 

Thiago V. Silva, Ana M. Quessada*, Marcelo C. Rodrigues, Esther M.C. Silva, Rebeca M.O. Mendes, André B. Sousa 

Hospital Veterinário da Universidade Federal do Piauí, Centro de Ciências Agrárias, Campus Universitário, 64.049-550, Teresina, PI, Brasil. 

*Correspondência: quessadavet@gmail.com Tel: + 55 86 9983-9409; Fax: + 55 86 3215-5537





Bibliografia

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Abordagem terapêutica do paciente neonato canino e felino: 2. Aspectos relacionados a terapia intensiva, antiparasitários e antibióticos

RETOMANDO O ASSUNTO DE 04/11. 

Terapia antimicrobiana

Avanços nos tratamentos das infecções bacterianas têm sido alcançados nos últimos anos, particularmente pelo desenvolvimento de novos antibióticos (Hosgood e Hoskins, 1998). No entanto, ainda não há um consenso na literatura a respeito da seguridade e indicações para o uso da antibioticoterapia para pacientes neonatos (Plumb, 2004), observando-se, na maioria das vezes, um uso empírico para esses compostos (Hosgood e Hoskins, 1998).

Um dos principais impactos da antibioticoterapia, muitas vezes ignorado durante a terapêutica, representa a desestabilização da flora microbiana intestinal. O trato gastrointestinal (GI) corresponde a um complexo ecossistema gerado pela aliança entre o epitélio GI, células imunes e microbiota residente, estando todos os componentes co-envolvidos na manutenção da funcionalidade e atividade do sistema (McCraken e Lorenz, 2001). Em muitos casos, a morte da flora saprófita intestinal, mediada por antibióticos administrados oralmente ou por sua difusão para o epitélio GI, freqüentemente permite o crescimento de patógenos em potencial, como é o caso das Salmonelas e Klebsielas (Jones, 1987). A Tab.1 ilustra o efeito dos principais antibióticos utilizados na prática clínica quanto ao grau de desestabilização da flora gastrointestinal.


As taxas de mortalidade neonatal são maiores durante o primeiro mês de vida (Davidson, 2003). As maiores causas de perdas relacionam-se às dificuldades inerentes ao parto e às distocias, estando as infecções bacterianas indicadas como a segunda causa mais importante de morte neonatal (Munnich e Lubke-Becker, 2004). Tendo em vista a necessidade da correta abordagem terapêutica no sentido de diminuir a mortalidade de pacientes neonatos, os tópicos a seguir descrevem os principais antimicrobianos disponíveis para a prática clínica, suas indicações, posologias e principais reações colaterais vinculadas ao uso em filhotes.

Tetraciclinas

As tetraciclinas são antibióticos de amplo espectro de ação e bacteriostáticos.  Embora as tetraciclinas possam não ser evidentemente tóxicas para filhotes caninos e felinos, o efeito quelante sobre o cálcio ósseo e dentário pode resultar em distúrbios de crescimento, deformidades ósseas, (Boothe e Hoskins, 1997) displasia e descoloração do esmalte dentário (Hosgood e Hoskins, 1998).

Outras reações adversas incluem a potencial toxicidade hepática e renal relacionada à excreção desses compostos (Jones, 1987), além das graves desestabilizações da microflora intestinal relacionadas à alta taxa de recirculação entero-hepática das tetraciclinas (Plumb, 2004).

Por representarem a classe de drogas de escolha para o tratamento de infecções por Ricketsias, Clamidias e Mycoplasma, um ajuste na dose pode ser necessário para compensar a baixa taxa de filtração glomerular em filhotes com menos de dois meses de idade (Jones, 1987), com exceção da doxiciclina, excretada primariamente por via intestinal (Hosgood e Hoskins, 1998), não sofrendo influência das baixas taxas de filtração glomerular dos filhotes. Outra vantagem da doxiciclina relaciona-se ao menor efeito quelante sobre o cálcio ósseo e dentário em relação às drogas do mesmo grupo, característica provavelmente relacionada a sua natureza lipofílica (Bill, 1997).

Sulfas potencializadas

As sulfas correspondem a quimioterápicos antimicrobianos que competem com o ácido para-aminobenzóico (PABA), um precursor do ácido fólico, que, por sua vez, é um precursor dos ácidos nucléicos bacterianos. As Diaminopirimidinas como trimetoprim atuam como inibidores da enzima dihidrofolato redutase, responsável pela redução dos compostos oriundos do ácido fólico. Ambas as drogas, sulfas e trimetoprim, isoladamente interferem em diferentes etapas da síntese de DNA bacteriano, apresentando-se como compostos bacteriostáticos; contudo, a combinação dos dois agentes favorece um sinergismo de ação antimicrobiana, proporcionando um efeito pronunciadamente bactericida (Whitten e Gaon, 1998) e garantindo um amplo espectro de ação contra bactérias gram-positivas e negativas (Hosgood e Hoskins, 1998).

De maneira geral, as sulfonamidas associadas ao trimetoprim são relativamente seguras e eficazes para o uso em neonatos (Boothe e Hoskins, 1997). Descrevem-se reações colaterais como hepatites, anemia, ceratoconjuntivite seca (KCS) ou poliartrites, devendo ser utilizadas com cautela, segundo Plumb (2004); o mesmo autor indica o aumento do intervalo de administração das sulfas potencializadas em virtude de uma maior meia vida plasmática desses compostos em animais muito jovens. Em virtude da excreção preferencialmente renal, descrevem-se quadros de intensa cristalúria (Bill, 1997), devendo-se ajustar a dosagem e os intervalos de administração para o uso em filhotes caninos e felinos com menos de 16 semanas de idade (Hosgood e Hoskins, 1998).

A combinação sulfa-trimetoprim apresenta um amplo espectro de atividade e boa distribuição tecidual, incluindo o líquido cefalorraquidiano, região intra-ocular e penetração intracelular (Jones, 1987); tal combinação deve ser evitada para pacientes com anemia ou leucopenia (Boothe e Hoskins, 1997), devendo ser evitada também para os quadros de Parvovirose canina (Jones, 1987).

Aminoglicosídeos

Aminoglicosídeos são antimicrobianos bactericidas que se ligam irreversivelmente à porção ribossomal 30s, alterando a síntese de proteínas bacterianas (Whitten e Gaon, 1998). Freqüentemente essa classe de drogas corresponde à primeira escolha para o tratamento de infecções resistentes por bactérias gram-negativas nos quadros de bacteremias (Jones, 1987). No entanto, todos os aminoglicosídeos são potencialmente ototóxicos e nefrotóxicos (Plumb, 2004), especialmente a gentamicina, que apresenta nefrotoxicidade em filhotes após sete a dez dias de tratamento, associada diretamente ao acúmulo do fármaco no córtex renal (Cowan et al., 1980). A ototoxicidade relaciona-se ao acúmulo dos aminoglicosídeos na perilinfa e endolinfa do tecido vestibulococlear (Jones, 1987). Portanto, a terapêutica com compostos dessa categoria encontra-se desestimulada para o uso em pacientes neonatos (Boothe e Hoskins, 1997).

Quinolonas

As quinolonas podem ser representadas pelas fluorquinolonas de segunda (norfloxacina, ciprofloxacina, orbifloxacina e enrofloxacina) e terceira geração (levofloxacina e esparfloxacina), correspondendo a agentes microbianos bactericidas de amplo espectro de ação, baixa toxicidade e boa difusão tecidual, sendo, portanto, as mais utilizadas em medicina veterinária (Andrade et al., 2002).

Existe grande controvérsia a respeito do uso das fluorquinolonas em pacientes pediátricos (Plumb, 2004) em virtude de seus efeitos adversos sobre as cartilagens dos ossos longos e pela excreção marcadamente renal desses compostos (Bill, 1997), observando-se quadros de cristalúria em filhotes caninos e felinos (Hosgood e Hoskins, 1998). Descreve-se artropatia por erosão da cartilagem articular em cães jovens de crescimento rápido, devendo-se, portanto, evitar o uso em animais de pequeno e médio porte nos primeiros oito meses de vida (Andrade et al., 2002), e em cães de raças grandes e gigantes durante os primeiros 18 meses (Boothe e Hoskins, 1997). São descritos quadros de degeneração de retina e perda de visão em gatos adultos tratados com altas doses de enrofloxacina. Essa alteração normalmente não é observada após o tratamento com ciprofloxacina (Albarellos et al., 2004). Apesar da maior tolerância à ciprofloxacina, são escassas as informações referentes à segurança da utilização dessa quinolona no tratamento das infecções de gatos neonatos.

Metronidazol

O metronidazol tem sido amplamente utilizado em medicina veterinária como agente anti-protozoários, particularmente no tratamento das giardíases caninas (Jones, 1987). A droga representa também uma potente opção para o tratamento de infecções por bactérias anaeróbicas em pacientes adultos e neonatos (Plumb, 2004).
O mecanismo de ação do metronidazol assemelha-se ao das fluorquinolonas (Whitten e Gaon, 1998), inibindo a replicação e inativando o DNA dos microorganismos. Em virtude de suas características farmacocinéticas, apresentando boa penetração em abscessos, piotórax e especial capacidade de transposição da barreira hematoencefálica (Jones, 1987), doses altas e tratamentos prolongados podem provocar neurotoxicidade, caracterizada clinicamente por nistagmo, ataxia e tremores (Andrade et al., 2002).
Visando à diminuição dos efeitos adversos em pacientes neonatos, preconizam-se ajustes nas dosagens (doses mais baixas) e/ou aumento dos intervalos de administração (Plumb, 2004).

Agentes β-lactâmicos

Os agentes desse grupo, representados basicamente pelas penicilinas e cefalosporinas, atuam como bactericidas, ligando-se às proteínas específicas da parede celular dos patógenos, o que impede a síntese de peptideoglicanos de parede, resultando na lise e morte bacteriana (Whitten e Gaon, 1998).

Como a maioria dos agentes desse grupo são excretados por via renal e a meia vida das drogas usualmente encontra-se prolongada em filhotes em virtude do alto grau de solubilidade em água, o pico de concentração plasmática dos β-lactâmicos pode ser inferior ao apresentado por pacientes adultos que receberam a mesma dosagem (Plumb, 2004). Com isso, faz-se necessário o aumento das doses iniciais para que as concentrações efetivas do fármaco sejam alcançadas no tratamento das infecções bacterianas (Jones, 1987), podendo-se aumentar o intervalo de tempo entre as administrações para compensar a meia vida plasmática mais prolongada das drogas β-lactâmicas (Boothe e Hoskins, 1997).

As ampicilinas orais correspondem a um dos antimicrobianos mais utilizados na terapêutica neonatal. Embora esse antibiótico apresente um grande espectro de ação contra enterobactérias gram-negativas, a ampicilina é menos efetiva que a amoxicilina contra bactérias do gênero Salmonellae, apresentando também uma absorção menos eficiente (Jones, 1987).

As cefalosporinas também compreendem antimicrobianos comumente indicados para o tratamento das infecções bacterianas em filhotes. Davidson (2003) aponta as cefalosporinas de terceira geração (ceftiofur) como a escolha mais apropriada para o tratamento das septicemias neonatais, alterando minimamente a flora do trato GI, sendo efetivas contra a grande maioria dos agentes envolvidos no processo.


Conclusões

A vulnerabilidade do neonato às condições adversas do meio relacionadas à imaturidade dos sistemas compensatórios e regulatórios orgânicos, bem como a ineficácia dos mecanismos de defesa intrínsecos ao período inicial do desenvolvimento, faz dessa categoria animal um tópico especial na terapêutica veterinária. A despeito das recomendações encontradas na literatura sobre o uso de drogas, ajustes nas dosagens e intervalo entre as administrações, cabe ao médico veterinário, ciente das particularidades apresentadas por filhotes caninos e felinos domésticos, a escolha racional sobre a conduta terapêutica a ser seguida, baseado na etiopatogenia dos processos mórbidos.


André Maciel Crespilho1,4, Maria Isabel Melo Martins2, Fabiana Ferreira de Souza3, Maria Denise Lopes1, Frederico Ozanam Papa1

1Dep. de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu,SP, Brasil

2Dep. de Clínicas Veterinárias da Universidade Estadual de Londrina, UEL, Londrina,PR, Brasil

3Hospital Universitário do Centro Universitário de Rio Preto, UNIRP, São José do Rio Preto, SP, Brasil

4Correspondência: andremacc@yahoo.com.br




Referências

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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Manual sobre Leishmaniose 2011

Disponibilizo o Manual sobre Leishmaniose, revisado pela Associação Brasileish e distribuído durante o VIII Simpósio Internacional de Leishmaniose ocorrido em Belo Horizonte-MG, 29 e 30 de Outubro 2011. 


Manual técnico Leishmaniose 2011 




Agradeço imensamente ao Dr. Oliver por ter enviado o referido Manual por e-mail. 



O amigo do seu melhor amigo.

SAIS lt 15 - Setor de Áreas Isoladas Sul, Sia, DF ;  CEP: 70200-000


 (61) 3445-2000


www.hospitalveterinariooliver.com.br 





sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Abordagem terapêutica do paciente neonato canino e felino: 2. Aspectos relacionados a terapia intensiva, antiparasitários e antibióticos

RETOMANDO O ASSUNTO DE 26/10. 



Terapia antiparasitária 

Parasitas intestinais são comuns em animais jovens, especialmente naqueles que vivem em condições tropicais e manejados em certo grau de confinamento (Root-Kustritz, 2004). Assim, os cuidados com filhotes incluem uma terapia anti-helmíntica de largo espectro e de baixa toxicidade, iniciada por volta de três semanas de vida e repetida 14 dias após (Davidson, 2003).

É provável que Toxocara spp., Toxascaris leonina e Ancylostoma sejam os parasitas que mais freqüentemente acometem cães e gatos neonatos (Sturgess, 2000), visto que as espécies de Toxocara podem ser transmitidas via transplacentária pela mãe, e as espécies de Ancylostoma podem ser ingeridas através do leite materno (MacIntire, 1999; MacIntire et al., 2005). Uma vez no hospedeiro, as larvas dos helmintos podem migrar para os pulmões e fígado, provocando tosse seca, dificuldade no ganho de peso, problemas cutâneos e distúrbios gastrintestinais (Minovich, 2004).

O tratamento de escolha indicado para toxocaríase e ancilostomose corresponde ao pamoato de pirantel, droga pertencente ao grupo das pirimidinas, de ação agonista a acetilcolina, que leva o parasita à morte por paralisia espástica (Andrade e Santarém, 2002). O fármaco apresenta baixo potencial de toxicidade sendo bem tolerado por filhotes (Marti, 2005). O tratamento pode ser iniciado em pacientes neonatos a partir de duas a três semanas de vida (MacIntire, 1999) nas dosagens de 5,0 a 10,0 mg/kg, repetidos a cada duas ou três semanas por até 12 semanas de tratamento (MacIntire et al., 2005).

O tratamento para as giardíases inclui o metronidazol na dosagem de 30 mg/kg/SID administrado oralmente por sete a dez dias (MacIntire, 1999), ou 20 mg/kg/BID administrado por via oral, por cinco dias e na seqüência 10 mg/kg/BID por via oral por mais cinco dias (Minovich, 2004), cabendo ressalva de que apenas dois terços das infecções são responsivas ao metronidazol administrado em dosagens usuais (Sturgess, 2001). O fenbendazol também pode ser utilizado por via oral na dose de 50 mg/kg/SID por três a cinco dias (MacIntire et al., 2005). Minovich (2004) indica a mesma posologia de fenbendazol em um tratamento de dez dias para as giardíases felinas, relatando ainda resultados excelentes com o uso da furazolidona na dose de 20 mg/kg/BID durante 14 dias.

Para o tratamento das coccidioses, relacionadas, entre outros fatores, com a falta de higiene dos recintos de criação e falhas de imunidade neonatal levando a quadros de imunossupressão (Sturgess, 2001), indica-se a sulfadimetoxina na dosagem de 30 mg/kg/SID até a remissão dos sintomas, para animais com menos de 1kg de peso vivo (Minovich, 2004). Para cães e gatos neonatos, MacIntire et al. (2005) também recomendam o uso das sulfas potencializadas na dose inicial de ataque de 50 mg/kg no primeiro dia de tratamento, seguida por 25 mg/kg/SID por mais dez dias ou até a remissão dos sintomas.

Pulgas e carrapatos são os parasitas externos mais comuns em animais jovens (Minovich, 2004), podendo resultar em sérios quadros de debilidade neonatal (MacIntire, 1999). Além da espoliação sangüínea causada pelos artrópodes, pulgas e carrapatos atuam também como vetores de uma série de doenças como as babesiose, hepatozoonose, erliquiose (Irwin, 2002), além de algumas espécies de tênias (Minovich, 2004).

Encontra-se disponível no mercado uma ampla variedade de produtos para o tratamento de ectoparasitoses dos filhotes; no entanto, nem todos são indicados para o uso em animais com menos de 12 semanas de vida (Sturgess, 2000). O tratamento preferencial para o combate das pulgas e carrapatos de animais com menos de dois meses de idade é feito por meio do banho com água morna (evitando-se a hipotermia) e a escovação do pêlo com pente antipulgas (Minovich, 2004). A abordagem sistêmica pode ser realizada com os produtos à base de imidacloprid, nitempyram e fipronil, que apresentam uma boa segurança para uso em filhotes (MacIntire et al., 2005). Sturgess (2000) afirma que o fipronil proporciona um tratamento seguro para cães de dois e gatos a partir de sete dias de idade, embora existam alguns relatos de intoxicação pelo veículo alcoólico componente de algumas apresentações comerciais do produto.

Para os casos de ectoparasitoses, indica-se também o tratamento das mães (evitando-se a área das mamas) e do ambiente em que vivem os filhotes, para o eficaz controle das infestações (MacIntire, 1999).

SEMANA QUE VEM SERÁ A PARTE FINAL SOBRE TERAPIA ANTIMICROBIANA. 


André Maciel Crespilho1,4, Maria Isabel Melo Martins2, Fabiana Ferreira de Souza3, Maria Denise Lopes1, Frederico Ozanam Papa1


1Dep. de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Botucatu,SP, Brasil


2Dep. de Clínicas Veterinárias da Universidade Estadual de Londrina, UEL, Londrina,PR, Brasil


3Hospital Universitário do Centro Universitário de Rio Preto, UNIRP, São José do Rio Preto, SP, Brasil


4Correspondência: andremacc@yahoo.com.br


Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.31, n.4, p.425-432, out./dez. 2007.