Texto retirado e traduzido do 36º Congresso Veterinário Mundial de Pequenos Animais, realizado de 14-17 de Outubro de 2011 em Jeju, Coréia.
Autora: P. Jane Armstrong, DVM, MS, MBA, Diplomate ACVIM ; University of Minnesota, St. Paul, MN, USA.
. Gatos obesos ou acima do peso possuem maior risco de desenvolverem a doença. Os gatos mais afetados estão na idade adulta média (aproximadamente 7 anos) e não há predileção de raça ou sexo.
Autora: P. Jane Armstrong, DVM, MS, MBA, Diplomate ACVIM ; University of Minnesota, St. Paul, MN, USA.
. Gatos obesos ou acima do peso possuem maior risco de desenvolverem a doença. Os gatos mais afetados estão na idade adulta média (aproximadamente 7 anos) e não há predileção de raça ou sexo.
. A lipidose hepática pode ocorrer secundariamente a
qualquer doença que resulte em uma significativa perda do apetite. O período de
anorexia pode ser curto, de dois a sete dias. A lipidose hepática pode ocorrer
em gatos saudáveis que voluntariamente passam por episódio de restrição
calórica (rejeição de ingesta de nova ração).
. Achados clínicos
comuns: hipocalemia severa (marcante fraqueza muscular), encefalopatia
hepática, icterícia, hepatomegalia não dolorosa e hiperecogenicidade do fígado.
. Os achados laboratoriais mais consistentes são:
poiquilocitose, corpúsculos de Heinz, anemia moderada, hiperbilirrubinemia,
hipoalbuminemia, e aumento na atividade da fosfatase alcalina sérica. O
diagnóstico é normalmente confirmado pela citologia aspirativa com agulha fina.
A biópsia hepática deve ser evitada em razão do risco de hemorragia, pois o
fígado está gorduroso e friável.
. A recuperação dos gatos com lipidose hepática inicialmente
requer a correção das anormalidades hidroeletrolíticas, mas a terapia principal
é baseada no suporte nutricional enteral.
. A atenção imediata deve ser dada à reidratação e correção
dos desequilíbrios eletrolíticos, resultantes de vômito e da desnutrição.
Hipocalemia e hipofosfatemia são causas importantes de morbidade. A hipocalemia
pode persistir mesmo que o potássio esteja sendo apropriadamente suplementado,
em face de concomitante hipomagnesemia.
. A fluidoterapia com dextrose é contraindicada, pois os
gatos com lipidose hepática são intolerantes à glicose. Suspeita-se que em
alguns gatos com lipidose hepática o metabolismo do lactato fique comprometido.
Para alguns autores, esses gatos não podem, também, ser submetidos à fluidoterapia
com a solução de Ringer com lactato. Apesar desse conceito acadêmico, a solução
de Ringer com lactato é rotineiramente empregada com sucesso.
. A alimentação enteral deve ser iniciada o mais cedo
possível e mantida até que o paciente se alimente por conta própria. A
alimentação forçada por seringa possui benefício limitado, devendo ser tentada
por um curto período de tempo em gatos que estão afetados de forma branda.
Estimulantes de apetite não são recomendados.
. A
proteína é o nutriente mais eficiente para reduzir o acúmulo de lipídios no
fígado de gatos com balanço energético negativo. A restrição protéica é
contraindicada, exceto quando o paciente possui também a encefalopatia hepática. Dietas com grandes
quantidades de carboidratos podem causar diarreia, hiperglicemia, cólicas
abdominais e borborígmos.
A dieta ideal para alimentar gatos com lipidose hepática
deve ser rica em proteína (30 a 40% da energia metabolizável), moderada em
lipídios (aproximadamente 50%) e relativamente pobre em carboidratos (<20%).
. Outras considerações terapêuticas:
- terapia antiemética: os antieméticos geralmente facilitam
a reintrodução da comida. Os vômitos podem ser reduzidos pela mínima
manipulação do gato durante e imediatamente após a sua alimentação. A
metoclopramida é o fármaco de primeira escolha devido a sua disponibilidade,
baixo custo e efeitos procinéticos. O controle da êmese pode ser obtido pelo
uso do maropitant, dolasetrona ou ondansetrona.
- terapia com cobalamina: a avaliação das concentrações
plasmáticas de vitamina B12 (cobalamina) em gatos com lipidose revelou que 40%
possuíam valores abaixo do normal. A deficiência de cobalamina pode ser severa
o suficiente para produzir sinais clínicos tais como: ventroflexão do pescoço e
anisocoria. A via de escolha para suplementar a vitamina B12 é a subcutânea,
uma vez por semana por seis semanas.
- tratamento das desordens de coagulação: a deficiência de
vitamina K é frequentemente suspeitada em gatos com lipidose hepática. No caso
de as anormalidades de coagulação ser suspeitadas, o paciente necessitará de
três doses de vitamina K1 (0,5 – 1,5 mg/kg pela via subcutânea ou intramuscular
a cada doze horas). Esse tratamento é particularmente importante se necessária a
biópsia hepática.
. Alguns pesquisadores preconizam que os gatos portadores de
lipidose hepática devem ingerir 250mg ao dia de L-carnitina para promover a
oxidação dos ácidos graxos e manter a massa magra corporal, não havendo ainda
amplo consenso sobre tal procedimento.
. Gatos com lipidose possuem baixa concentração de
glutationa hepática, ocasionando pouca atividade antioxidante, sendo assim,
certos autores recomendam a administração do SAMe (40mg/kg, via oral a cada 24
horas).
.
Os gatos que se encontram com recuperação favorável, demonstram uma redução
gradual das anormalidades presentes nos exames laboratoriais. A concentração de
bilirrubina total deve reduzir em mais de 50% dentro de 7 a 10 dias, mas as
enzimas hepáticas podem permanecer com valores próximos daqueles encontrados no
momento da admissão do paciente para internação. As sondas de alimentação podem
ser mantidas por várias semanas. O proprietário do animal torna-se, assim, um participante ativo na recuperação do seu bichano. A
reincidência da lipidose hepática felina é pouco comum.
Mucosa oral ictérica. A presente foto não faz parte do artigo acima, foi pesquisada na internet no site: http://veterinariadefelinos.blogspot.com.br/2010/08/lipidose-hepatica.html |